segunda-feira, 7 de novembro de 2011

realidade e artifício

A maioria das pessoas demonstram um certo desprezo à qualquer informação que desafia o seu estilo de vida e suas limitações. Elas não sabem que vivem em uma construção artificial que bloqueia sua percepção tornando-as apáticas à qualquer possibilidade de mudança. A propagação do sistema convencionalizou e rotulou todos os níveis de desenvolvimento humano, desespiritualizando e tornando o ser humano em uma máquina de trabalho. Destarte o propósito primordial da vida reduziu-se a trabalhar, ganhar dinheiro e consumir.

A realidade e os prelúdios da vida foram definidos de acordo com o sistema de produção, e por isso, tudo possui sua cota e valor a serem atingidos. A falta de uma base natural – e que foi demarcada por conceitos mecanicistas e robóticos – coibiu o direcionamento da mente em busca de uma perspectiva mais humana e universal. Só poderemos aderir às leis universais e compreender suas funções através do lado humano, que é justamente o que mais tem sido sacrificado em pró de uma classe de seres incapazes de sentir e expressar o amor ao outro e à própria natureza. Com efeito, a despersonalização do mundo se move a passos largos, e a estagnação da consciência se projeta em todas as áreas do desenvolvimento humano. E isso atende muito bem aos interesses do Sistema de Controle, que sempre dominou os meios de produção e agora lança seus tentáculos sobre a sociedade, manipulando a política, a cultura e, por último, a consciência humana.

O ser humano alienado de sua fonte natural é um ser morto, um verdadeiro zombie, alheio à evolução da consciência universal, que reage somente aos impulsos da materialidade artificial, como obter trabalho, possuir e expor, sem jamais ser um vivente com emoções e integrado à noção ecológica vital. Entendemos por noção vital a capacidade de perceber a vida não somente do ponto de vista do que podemos obter dela, mas o que podemos oferecer lhe, ao seu funcionamento harmônico. Assim sendo, a natureza não é um imenso repositório de nossa parafernália material, mas um ser vivo onde tudo funciona em pró da manutenção de um organismo. Esse organismo, como todo organismo vivo em micro escala, possui consciência, e haja vista uma consciência sábia e inteligente capaz de zelar pela vida.

Mas toda vida tem um sentido, pois tudo que é vivo se movimenta dentro do tempo e espaço – evolução! A questão é qual é a nossa função dentro desse grande sistema vital chamado natureza? Essa é justamente uma questão que não estamos preparados para responder por causa da concepção limitada dentro da qual o mecanicismo nos fechou. Como uma planta dentro de uma redoma de vidro sem água e oxigênio, presenciamos o nosso próprio fim: a vida se esvai, pois no comando deste corpo se encontra uma mente insipida, ignóbil e incapaz de zelar pela vida.

O escritor James Gardner em seu livro 'o Universo Inteligente' nos apresenta uma visão inteiramente nova sobre o universo. Segundo o mesmo, o universo possui leis físicas e constantes que desde do primeiro momento serviram à produção da vida. A vida não foi um mero acidente ou acontecimento, na verdade, ela já fazia parte do plano universal. Uma visão contrária à da cosmologia clássica que apregoava a vida ser um produto de reações eletro-químicas, que ao começarem a acontecer no cérebro produziam a consciência. Hoje é praticamente impossível separar a consciência da própria vida, uma contém a outra. Podemos sugerir diante disso que a consciência gera a matéria e não o contrário. Mas qual seria essa Consciência Universal capaz de gerar um meio onde ela se projetaria através da pluralidade? A própria força criativa. E o universo seria a interface entre nós e a mesma, uma forma de contemplarmos as leis e as constantes da própria vida. No entanto, experimentamos a separação, e o Ego acabou assumindo o comando da vida. Estabeleceu-se uma referência artificial da vida através das organizações que são o verdadeiro deletério da consciência humana. Toda a educação e cultura deveriam estar voltadas ao estudo da vida dentro do princípio universal, refletido em todas as coisas, e não como algo separado de nós. A educação sedimentou na mente humana formulas incompatíveis com as normas naturais, dizendo que a matéria é o princípio da vida. A vida neste sentido foi relegada ao plano secundário.

Por conseguinte, o domínio latente do hemisfério esquerdo do cérebro – o lado das formulações prontas, impostas como verdades absolutas, e restritivo – decretou a unilateralidade do poder mental humano sob uma óptica apenas, e condenou o hemisfério direito do cérebro – que rege com a própria expansão do universo – ao ostracismo e a estagnação.

Temos uma noção errônea da individualidade. Individualidade deveria ser expressão de sua ação particular dentro do funcionamento do todo, o Universo. No entanto, só a percebemos dentro do plano de nossas necessidades e não de nosso potencial. Assim sendo, delegamos ao sistema hierárquico nossa capacidade de ação e de transformar a realidade em torno de nós. Somos dentro deste sistema objetos da realidade e não sujeitos. Aguardamos o tempo todo pelo comando maior.

Na religiosidade a idéia de amar ao outro como a si mesmo reforça a máxima do Cristianismo de não fazer aos outros o que não queremos a nós mesmos. Isso não foi inventado por Cristo, mas decifrado por ele a partir do próprio código universal. Ele é inerente a própria vida que é singular, e não dicromática e dispersa. A igreja por sua vez subjugou tal princípio em favor de uma hierarquia indiferente e perversiva à vida. A identificação de um sistema artificial e alienador torna-se claro aqui, pois sabemos conscientemente que não estamos decifrando a vida, e regendo de acordo com suas leis, mas tão somente contemplando seres que se puseram no topo desta pirâmide hierárquica e que não visam nenhum beneficio à espécie, mas a si mesmos.

E veja só, sete bilhões de seres humanos disputando o mesmo espaço. A super população indica que não estamos dentro do fluxo natural do universo, que expande a energia vital a outros universos, outras dimensões e outros mundos. Há algo errado com tudo isso, pois o estancamento do fluxo vital energético só foi possível porque a consciência humana está separada da consciência universal.

Se reproduzirmos o conceito biológico do funcionamento celular orgânico, perceberemos que quando as celulas não se comunicam mais com o cérebro, elas se perdem de sua meta na constituição do corpo, concentrando-se em determinadas partes e estancando o fluxo vital. Bruce Lipton realizou importantes descobertas no campo da biologia celular, e nos prova que não é o gene que produz as características humanas, na verdade, é o meio onde o individuo vive, que as desenvolverá. O genes apenas as possuem. Algumas, como a personalidade, o meio sugestionará ao cérebro e este último é que propiciará o desenvolvimento de certos aspectos dentro dos genes. Portanto é o meio que manipula as características, as quais possuiremos, e como o meio é uma concepção artificial, articulada pela mente de uns poucos, então a saúde, a violência, a religiosidade, a ganância, e tudo mais será determinado por interesses alheios.

Estamos diante de um grande problema, pois ao rompermos com a matriz natural, automaticamente nos conectamos à matriz artificial. Não vivemos a realidade, vivemos a mentira. A natureza nos dá um tempo relativamente longo para desenvolvermos independência de nossos pais, contudo para os animais irracionais este tempo é muito mais curto, mostrando-nos com isso, que quanto mais rápido mais mecânico e limitado. Hoje tudo tende ao imediatismo, a tecnologia nos propicia esta grande desvantagem de ater-nos mais às noções de produto que as noções de processo, o que faz com que nos tornemos cada vez mais mecanizados e menos cognitivos. Isto é muito interessante para o Sistema de Controle. Se descobrirmos nossa importância e função universais nos tornaremos em seres verdadeiramente livres e capazes de definir nosso próprio destino rumo a grande e eterna fonte.

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